segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Alunos do 1o ano: texto sobre a Baixa Idade Média, Renascimento Cultural e Exercícios com Gabarito

BAIXA IDADE MÉDIA: CRISE DO FEUDALISMO
                A crise do Sistema Feudal tem sua origem no século XI e está relacionada ao crescimento populacional. Este, por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações técnicas, tais como o uso da charrua (máquina de revolver a terra), o peitoril (para melhor aproveitamento da força do cavalo no arado ), uso de ferraduras e o moinho d'água.
                A estas inovações técnicas, observa-se uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para o cultivo (a conquista dos bosques, pântanos...). Sabendo-se que a produtividade agrícola era baixa- mesmo com as inovações acima- o crescimento populacional acarreta uma série de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma tentativa para solucionar tais problemas.

1.       AS CRUZADAS
                Foram convocadas pelo papa Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa (Jerusalém) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram para a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria em virtude do crescimento populacional.
                As principais consequências das Cruzadas foram:
-reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente;
-fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento Dos senhores feudais;
-o renascimento urbano.

2.       Renascimento Comercial
- As Rotas
                O comércio de produtos na Europa desenvolve-se em dois centros:
a)      no Norte da Europa, onde a Liga Hanseática -união de cidades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava o comércio de peles, madeiras, peixes secos, etc.;
b)      na Itália, onde cidades como Veneza e Gênova, monopolizavam o comércio de produtos vindos do Oriente, como a seda, cravo, canela, etc...
                Estes centros comerciais eram interligados por rotas terrestres, sendo que a mais importante era a de Champagne.

-As feiras
                Contribuíram para a dinamização do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas comerciais (os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de Champagne, na França.


3.       Renascimento Urbano
                O intenso desenvolvimento comercial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e de uma nova classe social, a burguesia.
                A burguesia inicia uma luta pela emancipação das cidades dos domínios do senhor feudal ( movimento comunal).
                No interior das cidades (Burgos), a produção urbana estava organizada nas chamadas Corporações de Ofício (Guildas, na Itália). O principal objetivo destas organizações era regulamentar a produção, defendendo o justo preço e praticando o monopólio.
                O interior da Corporação de Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber: o mestre, o aprendiz e o jornaleiro - pessoa que recebia por uma jornada de trabalho.

4.       FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS
                A formação das Monarquias Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei, efetivada no final da Baixa Idade Média.
                O interesse da burguesia nesta aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não padronizados e ausência de unificação monetária.
                Já o rei, que buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu principal obstáculo (lembre-se que o poder político feudal era fragmentado ). Para fazer valer sua autoridade era necessário a criação de um exército, formado por mercenários.
                Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a superar o senhor feudal e a impor sua vontade. A centralização do poder político implica na unificação econômica: padronização de pesos, medidas e monetária, incentivando as trocas comerciais. A Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial ficará a cargo da burguesia.

5.       A CRISE DO SÉCULO XIV
                O final da Idade Média é marcado por uma séria crise social, econômica e política - a denominada tríada: a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis pelas revoltas camponesas.
a) crise econômica: Como vimos, a partir do século XI, houve uma expansão da agricultura. Ocorre que as terras de boa qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma diminuição na produtividade. Soma-se a isto, uma série de transformações climáticas na Europa, responsáveis pela perda de colheitas e gerando uma escassez de alimentos e períodos de fome (1315 a 1317, 1362, 1374 a 1438 ).Enfraquecida pela fome, a população européia fica vulnerável às epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente. Calcula-se que um terço da população européia desapareceu. A epidemia, aliada às sucessivas crises agrícolas, provoca uma enorme escassez de mão-de-obra, levando os servos a fazerem exigências por melhores condições de vida. Muitos servos conseguiam comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, às exigências dos servos foram seguidas pelo aumento dos laços de dependência, acarretando as revoltas camponesas. Tanto em um caso - abertura do sistema, quando o servo adquire a sua liberdade; como no outro - fechamento do sistema, quando os laços de dependência são ampliados - o resultado será o agravamento da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.
b) crise política: O período medieval foi marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade da nobreza feudal. Entre estes conflitos, A Guerra do Cem Anos ( 1337/1453 ) merece destaque. A Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivada por motivos políticos - a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois e Eduardo III, rei da Inglaterra; e motivos econômicos - a disputa pela região da Flandres, importante área produtora de manufaturas. Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre seus principais personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc, que no ano de 1431 foi condenada à fogueira. Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses, vencendo a guerra. Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e contribuiu para o empobrecimento da nobreza feudal e, consequentemente, o seu enfraquecimento político. Ao mesmo tempo que a nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava fortalecida, beneficiando o processo de construção das Monarquias Nacionais.


6.       A IGREJA MEDIEVAL
                A principal instituição medieval será a Igreja Católica. Esta exercia um papel decisivo em todos os setores da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da dominação política e nas manifestações culturais.
                O clero estava organizado em clero secular (que vivia no mundo cotidiano em contato com os fiéis) e o clero regular ( que vivia nos mosteiros, isolando do mundo) que obedecia regras. Trata-se dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.
                O topo da hierarquia eclesiástica era (e ainda é) ocupada pelo papa. Este exercia dois tipos de poderes, o espiritual (autoridade religiosa máxima) e o poder temporal ( poder político decorrente das grandes extensões de terra que a Igreja possuía ). O exercício do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em questões políticas, como a célebre Querela das Investiduras.

-Movimentos reformistas
                A interferência da Igreja em assuntos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do clero e a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se de seu ideal religioso.
                No século XI surgiu um movimento reformista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, originado a Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras da Ordem Beneditina ( castidade, pobreza, caridade, obediência, oração e trabalho). O papa Gregório VII, que se envolveu na Querela das Investiduras, havia sido um monge desta ordem.
                Outras ordens religiosas surgiram, as chamadas Ordens mendicantes, como a dos cartuxos e dos cistercienses. Pregando a pobreza absoluta e vivendo da caridade, surge a Ordem dos Franciscanos e dos Dominicanos.

- Inquisição
                A perda da autoridade moral da Igreja Católica propiciou o desenvolvimento de uma série de doutrinas, crenças e superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas da Igreja.
                Para combater os movimentos heréticos, o papa Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, com a missão de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que executavam a sentença.
                A Inquisição desempenhava um importante papel político, freando os movimentos contrários aos interesses das classes dominantes.

7.       CULTURA MEDIEVAL
                Referir-se à Idade Média como a "Idade das Trevas" é um grave erro. Tal concepção representa uma visão distorcida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média originou-se no século XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.
                No entanto, o período medieval foi riquíssimo em atividade cultural.
Educação: controlada pelo clero católico, que dominava as escolas dos mosteiros, escolas paroquiais e as universidades.
                O surgimento e expansão das universidades estão relacionadas com o desenvolvimento das cidades, bem como o surgimento de uma nova classe social: a burguesia comercial.
Os ramos de conhecimento estudados nas universidades medievais eram: Teologia e Filosofia, Letras, Ciências, Direito e Medicina. O ensino era ministrado em latim.

RENASCIMENTO CULTURAL
CONCEITO
                Renascimento cultural foi um movimento artístico-intelectual que, a partir do século XV, recusou o pensamento religioso medieval, colocando o ser humano no centro de todos os interesses.

1.       Antecedentes
                O Renascimento cultural, ou Renascença, foi marcado por um retorno aos valores e características da antiguidade clássica greco-romana. Os renascentistas faziam várias críticas ao período medieval, dominado pelos valores culturais e religiosos da Igreja.
                Por este motivo, para eles, a Idade Média foi um período de pouco avanço cultural, que ficava entre a Antiguidade e a Modernidade. Modernidade era a forma como denominavam o período em que viviam.
                Assim, a Modernidade foi caracterizada como uma época de progresso intelectual, na qual se fazia renascer a cultura clássica greco-romana. Daí a origem do termo Renascimento.
                Para os homens da época, a cultura greco-romana era muito superior à cultura medieval. Assim, a Idade Média passou a ser denominada Idade das Trevas.
                Vale ressaltar que, atualmente, o termo Idade das Trevas é questionado pelos historiadores.

2.       Características
                O Renascimento Cultural foi um movimento com características próprias. Uma delas foi o retorno à cultura greco-romana, pois os renascentistas achavam que gregos e romanos tinham um conhecimento mais amplo da vida.
                Outra característica foi o humanismo e o antropocentrismo , pois o homem passou a ser o centro de todas as atenções – até então situado nas coisas divinas.
                Além disso, foi caracterizado pelo hedonismo e individualismo , considerando a intensa preocupação como o prazer e a liberdade do indivíduo.
                Foi marcado também pelo racionalismo e valorização da natureza, uma vez que os renascentistas passaram a adotar métodos experimentais e de observação da natureza.
                Vale ressaltar que estas características faziam um contraponto aos valores medievais, marcado, geralmente, pelo teocentrismo , pela negação dos desejos humanos e pelo conhecimento marcado pela fé.

3.       Onde e quando ocorreu

                A Itália foi o berço do Renascimento cultural. Um dos motivos foi o fato da Itália ter sido herdeira direta do Império Romano. Assim, havia um contato constante com resquícios da cultura romana
                Além disso, o forte desenvolvimento econômico das cidades italianas possibilitou que os comerciantes financiassem os artistas.
                O período de maior produção renascentista, na Itália, foi de 1450 a 1550. No restante da Europa, ele ocorreu durante todo o século XVI.
                Os pensadores, escritores do Renascimento eram conhecidos como humanistas, ou seja, grandes conhecedores da cultura clássica.
                Boa parte destes representantes do Renascimento se destacou na Itália, especialmente na pintura e na escultura. Outros, tiveram destaque fora da Itália, principalmente na literatura e na filosofia.

*Alguns representantes na Itália
ü  Leonardo da Vinci (1452-1519): foi pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, entre outros. É autor, entre outras obras, da Mona Lisa e A Última Ceia.
ü  Michelângelo Buonarroti (1475-1564): foi arquiteto, escultor e pintor. É autor de obras como, Pietá, Davi, Moisés e pinturas da Capela Sistina.
ü  Nicolau Maquiavel (1469-1527): historiador e diplomata, é considerado o fundador do pensamento e da ciência política moderna.
ü  Sandro Botticelli (1444-1510): também pintou um grande número de madonas, além de quadros de inspiração religiosa e pagã, como A Primavera e O Nascimento de Vênus.
ü  Galileu Galilei (1564-1642): matemático, físico e astrônomo, foi um dos primeiros estudiosos a usar o método experimental para estudar a natureza e comprovar suas teorias. Construiu a primeira luneta astronômica, por meio da qual demonstrou que o centro do universo é o sol e não a terra.

4.       Os mecenas
                O comércio intenso com o Oriente fez algumas cidades italianas acumularem grandes fortunas.
                Com isso, dispunham de condições materiais para financiar a produção artística de escultores, pintores, arquitetos, músicos, entre outros.
                Os próprios governantes e papas passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais. Era, em outras palavras, uma espécie de patrocínio.
                Este patrocínio era denominado mecenato e, os patrocinadores, eram chamados de mecenas. Em linhas gerais, o mecenato visava tornar o poder central mais popular.
Assim, os donos do poder se valiam dos artistas para se tornarem conhecidos através de estátuas, pinturas, obras escritas e canções.

*Alguns representantes fora da Itália
ü  Erasmo de Roterdã (1466-1536): nascido nos Países Baixos, destacou-se na literatura e na filosofia. Criticou a sociedade do seu tempo na obra Elogia da Loucura.
ü  Michel de Montaigne (1533-1592): nascido na França, foi um célebre filósofo e moralista, autor de Ensaios.
ü  Willian Shakespeare (1564-1616): nascido na Inglaterra, destacou-se na literatura e teatro, autor de Romeu e Julieta, Hamlet, entre outros.
ü  Miguel de Cervantes (1547-1616): nascido na Espanha, destacou-se na literatura, autor de Dom Quixote de la Mancha.
ü  André Vesálio (1514-1564): nascido na Bélgica, é considerado o pai da anatomia moderna, autor de De Humani Corporis Fabrica.

Análise de uma obra Renascentista:



O beijo retratado por Giotto é o dado por Judas em Jesus, no momento em que trai o Mestre, indicando-o para a tropa romana. Judas abraça Jesus, mas este não retribui seu abraço, permanece ereto, resignado, mas sem evitar o abraço traidor. Seus rostos se põem frente a frente e Jesus olha firme em direção à Judas. Este, ao contrário, parece não conseguir fitar o Mestre, seus olhos se perdem para o alto, vazios. As duas cabeças não se superpõem, mas há um pequeno espaço vazio que Judas se esforça por transpor com seu beijo mortal. 


EXERCÍCIOS:

1. a) Pico della Mirandola apresenta o homem como senhor de seu destino.
b) Sim. O texto embasa sua argumentação em um princípio fortemente religioso
2. a) Artes: a proliferação dos retratos; ciências: a competição e a necessidade de desenvolver conhecimentos
úteis para os homens;
b) Artes: o uso das medidas e proporções na arquitetura e nas pinturas; ciências: a adoção do modelo
experimental e a influência do pensamento matemático;
c) Artes: os estudos sobre a natureza e corpos humanos; ciências: os estudos sobre os corpos celestes
e da Física;
d) Artes: influência nas obras plásticas e filosóficas; ciências: recuperação do pensamento matemático.
3. A vida livre nas cidades e a competição entre os habitantes das repúblicas italianas estimulavam a
concorrência entre as pessoas, no caso os artesãos/artistas do período. O outro aspecto é a prática do
patrocínio, chamada de mecenato, que consistia na contratação dos artistas para realizarem trabalhos
em suas cidades.
5. a) É descrita como uma vida cheia de injustiças e desigualdades, na qual o dinheiro e a propriedade
individual ocupam um lugar central.
b) Utopia é uma sociedade muito organizada, na qual todos os homens trabalham de acordo com as
necessidades. Ao contrário da sociedade apresentada no Livro Primeiro, em Utopia as pessoas são
todas beneficiadas pelo seu trabalho.
6. Maquiavel afirma que existem duas formas de manter o governo: pelas leis (própria dos homens) ou
pela força (própria dos animais). Com o intuito de manter o governo, o príncipe não pode se submeter
às mesmas regras dos homens considerados bons, sendo muitas vezes obrigado a agir pela força
contra religião, caridade e fé. O aspecto mais importante é que Maquiavel trata da aparência do poder:
o governante deve aparentar ter qualidades que não necessariamente ele tem, pois assim facilita o
domínio sobre os súditos.
7. Ela permitiu a difusão do conhecimento por custos muito menores do que os pergaminhos medievais.
Tornou mais ágil a difusão de novas ideias, além de livros e folhetos que tiraram o monopólio do
saber da Igreja.

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