Alunos do 1o ano: texto sobre a Baixa Idade Média, Renascimento Cultural e Exercícios com Gabarito
BAIXA IDADE MÉDIA: CRISE DO FEUDALISMO
A crise do Sistema Feudal tem
sua origem no século XI e está relacionada ao crescimento populacional. Este,
por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações técnicas, tais como o
uso da charrua (máquina de revolver a terra), o peitoril (para melhor
aproveitamento da força do cavalo no arado ), uso de ferraduras e o moinho
d'água.
A estas inovações técnicas,
observa-se uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para o cultivo
(a conquista dos bosques, pântanos...). Sabendo-se que a produtividade agrícola
era baixa- mesmo com as inovações acima- o crescimento populacional acarreta
uma série de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras
internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma tentativa
para solucionar tais problemas.
1. AS CRUZADAS
Foram convocadas pelo papa
Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa
(Jerusalém) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram para
a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o
oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse econômico em algumas
regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria em virtude do
crescimento populacional.
As principais consequências das
Cruzadas foram:
-reabertura
do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre o
Ocidente e o Oriente;
-fortalecimento
do poder real, em virtude do empobrecimento Dos senhores feudais;
-o
renascimento urbano.
2. Renascimento Comercial
-
As Rotas
O comércio de produtos na Europa
desenvolve-se em dois centros:
a) no Norte da Europa, onde a Liga Hanseática -união de
cidades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava o comércio
de peles, madeiras, peixes secos, etc.;
b) na Itália, onde cidades como Veneza e Gênova,
monopolizavam o comércio de produtos vindos do Oriente, como a seda, cravo,
canela, etc...
Estes centros comerciais eram
interligados por rotas terrestres, sendo que a mais importante era a de
Champagne.
-As
feiras
Contribuíram para a dinamização
do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas
comerciais (os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de
Champagne, na França.
3. Renascimento Urbano
O intenso desenvolvimento
comercial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e de uma nova
classe social, a burguesia.
A burguesia inicia uma luta pela
emancipação das cidades dos domínios do senhor feudal ( movimento comunal).
No interior das cidades
(Burgos), a produção urbana estava organizada nas chamadas Corporações de
Ofício (Guildas, na Itália). O principal objetivo destas organizações era
regulamentar a produção, defendendo o justo preço e praticando o monopólio.
O interior da Corporação de
Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber: o mestre, o aprendiz e o
jornaleiro - pessoa que recebia por uma jornada de trabalho.
4. FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS
A formação das Monarquias
Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei,
efetivada no final da Baixa Idade Média.
O interesse da burguesia nesta
aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o
desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não
padronizados e ausência de unificação monetária.
Já o rei, que buscava
centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu
principal obstáculo (lembre-se que o poder político feudal era fragmentado ).
Para fazer valer sua autoridade era necessário a criação de um exército,
formado por mercenários.
Assim, a burguesia comercial
passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a superar o senhor
feudal e a impor sua vontade. A centralização do poder político implica na
unificação econômica: padronização de pesos, medidas e monetária, incentivando
as trocas comerciais. A Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde
o monopólio da atividade comercial ficará a cargo da burguesia.
5. A CRISE DO SÉCULO XIV
O final da Idade Média é marcado
por uma séria crise social, econômica e política - a denominada tríada: a
Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis pelas revoltas
camponesas.
a) crise econômica: Como vimos, a partir
do século XI, houve uma expansão da agricultura. Ocorre que as terras de boa
qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma diminuição na produtividade.
Soma-se a isto, uma série de transformações climáticas na Europa, responsáveis
pela perda de colheitas e gerando uma escassez de alimentos e períodos de fome
(1315 a 1317, 1362, 1374 a 1438 ).Enfraquecida pela fome, a população européia
fica vulnerável às epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente.
Calcula-se que um terço da população européia desapareceu. A epidemia, aliada
às sucessivas crises agrícolas, provoca uma enorme escassez de mão-de-obra,
levando os servos a fazerem exigências por melhores condições de vida. Muitos
servos conseguiam comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, às
exigências dos servos foram seguidas pelo aumento dos laços de dependência,
acarretando as revoltas camponesas. Tanto em um caso - abertura do sistema,
quando o servo adquire a sua liberdade; como no outro - fechamento do sistema,
quando os laços de dependência são ampliados - o resultado será o agravamento
da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.
b) crise política: O período medieval foi
marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade da nobreza feudal.
Entre estes conflitos, A Guerra do Cem Anos ( 1337/1453 ) merece destaque. A
Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivada
por motivos políticos - a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois e
Eduardo III, rei da Inglaterra; e motivos econômicos - a disputa pela região da
Flandres, importante área produtora de manufaturas. Ao longo do combate,
franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre seus principais
personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc, que no ano de 1431 foi
condenada à fogueira. Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses,
vencendo a guerra. Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e
contribuiu para o empobrecimento da nobreza feudal e, consequentemente, o seu
enfraquecimento político. Ao mesmo tempo que a nobreza perdia poder, a
autoridade do rei ficava fortalecida, beneficiando o processo de construção das
Monarquias Nacionais.
6. A IGREJA MEDIEVAL
A principal instituição medieval
será a Igreja Católica. Esta exercia um papel decisivo em todos os setores da
vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da
dominação política e nas manifestações culturais.
O clero estava organizado em
clero secular (que vivia no mundo cotidiano em contato com os fiéis) e o clero
regular ( que vivia nos mosteiros, isolando do mundo) que obedecia regras.
Trata-se dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.
O topo da hierarquia
eclesiástica era (e ainda é) ocupada pelo papa. Este exercia dois tipos de
poderes, o espiritual (autoridade religiosa máxima) e o poder temporal ( poder
político decorrente das grandes extensões de terra que a Igreja possuía ). O
exercício do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em questões políticas,
como a célebre Querela das Investiduras.
-Movimentos
reformistas
A interferência da Igreja em
assuntos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do clero e
a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se de seu ideal
religioso.
No século XI surgiu um movimento
reformista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, originado a
Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras da Ordem Beneditina (
castidade, pobreza, caridade, obediência, oração e trabalho). O papa Gregório
VII, que se envolveu na Querela das Investiduras, havia sido um monge desta
ordem.
Outras ordens religiosas
surgiram, as chamadas Ordens mendicantes, como a dos cartuxos e dos
cistercienses. Pregando a pobreza absoluta e vivendo da caridade, surge a Ordem
dos Franciscanos e dos Dominicanos.
-
Inquisição
A perda da autoridade moral da
Igreja Católica propiciou o desenvolvimento de uma série de doutrinas, crenças
e superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas da Igreja.
Para combater os movimentos
heréticos, o papa Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, com a
missão de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues às
autoridades administrativas do Estado, que executavam a sentença.
A Inquisição desempenhava um
importante papel político, freando os movimentos contrários aos interesses das
classes dominantes.
7. CULTURA MEDIEVAL
Referir-se à Idade Média como a
"Idade das Trevas" é um grave erro. Tal concepção representa uma
visão distorcida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média
originou-se no século XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.
No entanto, o período medieval
foi riquíssimo em atividade cultural.
Educação:
controlada pelo clero católico, que dominava as escolas dos mosteiros, escolas
paroquiais e as universidades.
O surgimento e expansão das
universidades estão relacionadas com o desenvolvimento das cidades, bem como o
surgimento de uma nova classe social: a burguesia comercial.
Os
ramos de conhecimento estudados nas universidades medievais eram: Teologia e
Filosofia, Letras, Ciências, Direito e Medicina. O ensino era ministrado em
latim.
RENASCIMENTO CULTURAL
Renascimento cultural foi um
movimento artístico-intelectual que, a partir do século XV, recusou o
pensamento religioso medieval, colocando o ser humano no centro de todos os
interesses.
1. Antecedentes
O Renascimento cultural, ou Renascença,
foi marcado por um retorno aos valores e características da antiguidade
clássica greco-romana. Os renascentistas faziam várias críticas ao período
medieval, dominado pelos valores culturais e religiosos da Igreja.
Por este motivo, para eles, a Idade
Média foi um período de pouco avanço cultural, que ficava entre a Antiguidade e
a Modernidade. Modernidade era a forma como denominavam o período em que
viviam.
Assim, a Modernidade foi
caracterizada como uma época de progresso intelectual, na qual se fazia
renascer a cultura clássica greco-romana. Daí a origem do termo Renascimento.
Para os homens da época, a
cultura greco-romana era muito superior à cultura medieval. Assim, a Idade
Média passou a ser denominada Idade das Trevas.
Vale ressaltar que, atualmente,
o termo Idade das Trevas é questionado pelos historiadores.
2. Características
O Renascimento Cultural foi um
movimento com características próprias. Uma delas foi o retorno à cultura
greco-romana, pois os renascentistas achavam que gregos e romanos tinham um
conhecimento mais amplo da vida.
Outra característica foi o
humanismo e o antropocentrismo , pois o homem passou a ser o centro de todas as
atenções – até então situado nas coisas divinas.
Além disso, foi caracterizado
pelo hedonismo e individualismo , considerando a intensa preocupação como o
prazer e a liberdade do indivíduo.
Foi marcado também pelo
racionalismo e valorização da natureza, uma vez que os renascentistas passaram
a adotar métodos experimentais e de observação da natureza.
Vale ressaltar que estas
características faziam um contraponto aos valores medievais, marcado,
geralmente, pelo teocentrismo , pela negação dos desejos humanos e pelo
conhecimento marcado pela fé.
3. Onde e quando ocorreu
A Itália foi o berço do
Renascimento cultural. Um dos motivos foi o fato da Itália ter sido herdeira
direta do Império Romano. Assim, havia um contato constante com resquícios da
cultura romana
Além disso, o forte
desenvolvimento econômico das cidades italianas possibilitou que os
comerciantes financiassem os artistas.
O período de maior produção
renascentista, na Itália, foi de 1450 a 1550. No restante da Europa, ele
ocorreu durante todo o século XVI.
Os pensadores, escritores do
Renascimento eram conhecidos como humanistas, ou seja, grandes conhecedores da
cultura clássica.
Boa parte destes representantes
do Renascimento se destacou na Itália, especialmente na pintura e na escultura.
Outros, tiveram destaque fora da Itália, principalmente na literatura e na
filosofia.
*Alguns representantes na Itália
ü Leonardo da Vinci (1452-1519): foi pintor, arquiteto,
escultor, físico, engenheiro, entre outros. É autor, entre outras obras, da
Mona Lisa e A Última Ceia.
ü Michelângelo Buonarroti (1475-1564): foi arquiteto,
escultor e pintor. É autor de obras como, Pietá, Davi, Moisés e pinturas da
Capela Sistina.
ü Nicolau Maquiavel (1469-1527): historiador e
diplomata, é considerado o fundador do pensamento e da ciência política
moderna.
ü Sandro Botticelli (1444-1510): também pintou um grande
número de madonas, além de quadros de inspiração religiosa e pagã, como A
Primavera e O Nascimento de Vênus.
ü Galileu Galilei (1564-1642): matemático, físico e
astrônomo, foi um dos primeiros estudiosos a usar o método experimental para
estudar a natureza e comprovar suas teorias. Construiu a primeira luneta
astronômica, por meio da qual demonstrou que o centro do universo é o sol e não
a terra.
4. Os mecenas
O comércio intenso com o Oriente
fez algumas cidades italianas acumularem grandes fortunas.
Com isso, dispunham de condições
materiais para financiar a produção artística de escultores, pintores,
arquitetos, músicos, entre outros.
Os próprios governantes e papas
passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais. Era, em
outras palavras, uma espécie de patrocínio.
Este patrocínio era denominado
mecenato e, os patrocinadores, eram chamados de mecenas. Em linhas gerais, o
mecenato visava tornar o poder central mais popular.
Assim,
os donos do poder se valiam dos artistas para se tornarem conhecidos através de
estátuas, pinturas, obras escritas e canções.
*Alguns
representantes fora da Itália
ü Erasmo de Roterdã (1466-1536): nascido nos Países
Baixos, destacou-se na literatura e na filosofia. Criticou a sociedade do seu
tempo na obra Elogia da Loucura.
ü Michel de Montaigne (1533-1592): nascido na França,
foi um célebre filósofo e moralista, autor de Ensaios.
ü Willian Shakespeare (1564-1616): nascido na
Inglaterra, destacou-se na literatura e teatro, autor de Romeu e Julieta, Hamlet,
entre outros.
ü Miguel de Cervantes (1547-1616): nascido na Espanha,
destacou-se na literatura, autor de Dom Quixote de la Mancha.
ü André Vesálio (1514-1564): nascido na Bélgica, é
considerado o pai da anatomia moderna, autor de De Humani Corporis Fabrica.
Análise de uma obra Renascentista:

EXERCÍCIOS:
1. a) Pico della Mirandola apresenta o homem como senhor de seu destino.
b) Sim. O texto embasa sua argumentação em um princípio fortemente religioso
2. a) Artes: a proliferação dos retratos; ciências: a competição e a necessidade de desenvolver conhecimentos
úteis para os homens;
b) Artes: o uso das medidas e proporções na arquitetura e nas pinturas; ciências: a adoção do modelo
experimental e a influência do pensamento matemático;
c) Artes: os estudos sobre a natureza e corpos humanos; ciências: os estudos sobre os corpos celestes
e da Física;
d) Artes: influência nas obras plásticas e filosóficas; ciências: recuperação do pensamento matemático.
3. A vida livre nas cidades e a competição entre os habitantes das repúblicas italianas estimulavam a
concorrência entre as pessoas, no caso os artesãos/artistas do período. O outro aspecto é a prática do
patrocínio, chamada de mecenato, que consistia na contratação dos artistas para realizarem trabalhos
em suas cidades.
5. a) É descrita como uma vida cheia de injustiças e desigualdades, na qual o dinheiro e a propriedade
individual ocupam um lugar central.
b) Utopia é uma sociedade muito organizada, na qual todos os homens trabalham de acordo com as
necessidades. Ao contrário da sociedade apresentada no Livro Primeiro, em Utopia as pessoas são
todas beneficiadas pelo seu trabalho.
6. Maquiavel afirma que existem duas formas de manter o governo: pelas leis (própria dos homens) ou
pela força (própria dos animais). Com o intuito de manter o governo, o príncipe não pode se submeter
às mesmas regras dos homens considerados bons, sendo muitas vezes obrigado a agir pela força
contra religião, caridade e fé. O aspecto mais importante é que Maquiavel trata da aparência do poder:
o governante deve aparentar ter qualidades que não necessariamente ele tem, pois assim facilita o
domínio sobre os súditos.
7. Ela permitiu a difusão do conhecimento por custos muito menores do que os pergaminhos medievais.
Tornou mais ágil a difusão de novas ideias, além de livros e folhetos que tiraram o monopólio do
saber da Igreja.
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