segunda-feira, 9 de junho de 2014

A medida que a Copa do Mundo se aproxima, os governos (federal, estadual e municipal) querem os benefícios políticos  gerados pela realização de um evento esportivo de projeção internacional, ou seja, o reconhecimento popular para garantir votos para os seus candidatos (as) nas próximas eleições. Mas, será que isso é algo novo? E como será que os políticos do passado se comportavam diante do esporte, hoje considerado uma paixão nacional? Leiam o artigo abaixo e descubram um pouquinho das relações entre política e esporte no começo século passado...

Arquibancada e palanque

Grande mobilizador popular, o futebol brasileiro sempre foi alvo de manipulações políticas

Maurício Drumond



  • Copa do Mundo no Brasil. É tempo de festa, empolgação, mobilização... ou de protestos? Para quem estranha que esporte e política possam habitar o mesmo noticiário e dividir as atenções da nação, vale lembrar que isso já é tradição no país.
    Praticado entre nós desde o final do século XIX, o futebol começou a se organizar nacionalmente em 1916, com a criação da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A entidade já nasceu sob o signo da política: foi ratificada em uma reunião na casa de Lauro Müller, então ministro das Relações Exteriores. O país corria o risco de não participar do primeiro campeonato sul-americano, organizado na Argentina, e o diplomata interveio para unir grupos que lutavam pelo controle do futebol no país e assegurar presença no evento.
    O Brasil foi sede da terceira edição do campeonato, em 1919, no Rio de Janeiro. A grande mobilização de torcedores e a ampla cobertura da imprensa demonstravam a força do futebol. Três anos depois, o evento voltou a ser realizado na cidade, em tempos mais turbulentos: em 1922, centenário da Independência, quando o país viveu instabilidade política e cultural, com a sucessão de Epitácio Pessoa e a eleição de Artur Bernardes, o levante dos 18 do Forte em Copacabana, a criação do PCB e a realização da Semana de Arte Moderna em São Paulo. O futebol emergia como um marco de unidade nacional. Como prévia da convocação da seleção, realizou-se pela primeira vez um torneio de pretensões nacionais: o campeonato brasileiro de seleções teve equipes representando sete estados e o Distrito Federal (o Rio de Janeiro).
  • Publicado na Revista de História, edição de junho/2014.

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